Tem gente que tem cheiro
de passarinho quando canta,
de sol quando acorda,
de flor quando ri.
Ao lado delas,
a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande,
sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas,
a gente se sente comendo pipoca na praça,
lambuzando o queixo de sorvete,
melando os dedos com algodão doce
da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro
de colo de Deus,
de banho de mar
quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas,
a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas,
a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo,
sonhando a maior tolice do mundo
com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas,
pode ser abril,
mas parece manhã de Natal,
do tempo em que a gente acordava
e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro
das estrelas que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas,
a gente não acha que o amor é possível,
a gente tem certeza.
Ao lado delas,
a gente se sente visitando um lugar feito de alegria,
recebendo um buquê de carinhos,
abraçando um filhote de urso panda,
tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas,
saboreamos a delícia do toque suave
que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro
de cafuné sem pressa,
do brinquedo que a gente não largava,
do acalanto que o silêncio canta,
de passeio no jardim.
Ao lado delas,
a gente percebe que a sensualidade
é um perfume que vem de dentro
e que a atração que realmente nos move
não passa só pelo corpo.
Corre em outras veias.
Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas,
a gente lembra que no instante em que rimos
Deus está conosco, juntinho, ao nosso lado.
E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Tem gente como você,
que nem percebe como tem a alma perfumada
e que esse perfume é dom de Deus.
Carlos Drummond de Andrade
Para as almas perfumadas que me cercam, familia, amigos e amores.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Lippy e Hardy
Dia desses aqui no trabalho alguem lembrou desse desenho Lippy e Hardy, mas especificamente da hiena hardy, pelo seu total pessimismo. Ela vivia repetindo "Oh dia, Oh céu, Oh Azar...isso não vai dar certo ! " e nada a animava.
E eu estava me sentindo assim, num desânimo total. Mas por mim do que por qualquer outra coisa, não fazia nada e me sentia a coitadinha, ja estava quase tomando posse da frase de hardy.
Então resolvi colocar um basta nisso, nunca fui de ser dependente de ninguem e não seria agora. Sentia que a vida estava passando e eu parada sem curtir nada, so esperando que alguem me convidasse. Odeio ter que me auto convidar, mas ja estou usando desse artificio, apelei. Outra coisa também é ficar mendigando a um a outro uma carona, uma companhia. Graças a Deus estou motorizada, nunca fiz e jamais farei agora.
Então o que faltava? Atitude! Sai do trabalho cedo, dia lindo, enfim chegou o verão, passei na livraria, comprei uma revista, entrei num café e tomei um capuccino com muffin de baunilha com calda de chocalate. Não precisei de ninguem pra curtir um fim de tarde maravilhoso.
Estava louca para assistir Avatar. Então fui comigo, oras! Melhor companhia não há. Amei o filme, não tinha assistido o desenho e gostei da ideia de ir ao cinema sozinha, escolher algo que realmente quero assistir sem ter que agradar alguem.
Nunca tinha visto uma peça de teatro. Minha mãe garante que quando criança assisti algumas, mas não fazia diferença porque não lembrava mesmo. Tinha assistido um monologo bem amador, interessante, mas ainda não era "a peça", assisti também uns stand up, que para mim também não tem muito a ver com teatro, seria melhor num restaurante ou bar. Um conceito que tenho sobre teatro.
Até que fui ao Santa Isabel, um dos mais lindos teatros do pais, parecia uma criança, encantada com a arquitetura. Ja tinha ido antes mas toda vez fico assim. Subi quatro andares, cheguei em cima da hora e comprei o ingresso de um cambista pois ja tinha se esgostado. So la em cima que descobri que havia elevador.
O barbeiro de servilla, uma ópera, seria uma grande "estréia" minha no teatro. O cenário e alguns personagens eram em desenho, mas acredito que não ficou devendo em nada para os que tem de verdade. Toda peça é cantada, eu sei que é lógico isso por ser uma ópera mas não sabia. E as músicas são todas em italiano, uma lingua que sou apaixonada, então imagina como fiquei. Tinha um telão que traduzia, mas nem precisava.
A história se trata da busca do Conde de Almaviva por Rosina seu grande amor, o problema que Don Bartolo seu malvado tutor quer se casar com ela. Figaro, um barbeiro que sabe sobre tudo da cidade, se propõe a ajuda-lo. Porem esse barbeiro tem umas ideias loucas e atrapalha mais do que ajuda. Por fim tudo dar certo e o conde se casa com Rosina.
Não satisfeita voltei ao cinema sozinha e agora para assistir Tropa de Elite 2. Fantastico! Sem comentário para Wagner Moura, atuação perfeita. Não entrarei em detalhes mas enquanto alguns riam e aplaudiam em algumas cenas, eu estava enjoada, passando mal mesmo, não havia cenas fortes como no primeiro, o roteiro tá excelente e realmente merece um oscar. Mas assisto aos jornais e tenho boa memória, impossivel não lembrar de fatos, dos PMs como alvos mortos aos montes a cada dia, Tim Lopes.
Agora quero assistir a outros espetaculos, ir a muitos lugares, ir mais ao cinema. Acompanhada ou sozinha, irei curtir a vida da melhor forma possivel. Virei o leão Lippy.
E eu estava me sentindo assim, num desânimo total. Mas por mim do que por qualquer outra coisa, não fazia nada e me sentia a coitadinha, ja estava quase tomando posse da frase de hardy.
Então resolvi colocar um basta nisso, nunca fui de ser dependente de ninguem e não seria agora. Sentia que a vida estava passando e eu parada sem curtir nada, so esperando que alguem me convidasse. Odeio ter que me auto convidar, mas ja estou usando desse artificio, apelei. Outra coisa também é ficar mendigando a um a outro uma carona, uma companhia. Graças a Deus estou motorizada, nunca fiz e jamais farei agora.
Então o que faltava? Atitude! Sai do trabalho cedo, dia lindo, enfim chegou o verão, passei na livraria, comprei uma revista, entrei num café e tomei um capuccino com muffin de baunilha com calda de chocalate. Não precisei de ninguem pra curtir um fim de tarde maravilhoso.
Estava louca para assistir Avatar. Então fui comigo, oras! Melhor companhia não há. Amei o filme, não tinha assistido o desenho e gostei da ideia de ir ao cinema sozinha, escolher algo que realmente quero assistir sem ter que agradar alguem.
Nunca tinha visto uma peça de teatro. Minha mãe garante que quando criança assisti algumas, mas não fazia diferença porque não lembrava mesmo. Tinha assistido um monologo bem amador, interessante, mas ainda não era "a peça", assisti também uns stand up, que para mim também não tem muito a ver com teatro, seria melhor num restaurante ou bar. Um conceito que tenho sobre teatro.
Até que fui ao Santa Isabel, um dos mais lindos teatros do pais, parecia uma criança, encantada com a arquitetura. Ja tinha ido antes mas toda vez fico assim. Subi quatro andares, cheguei em cima da hora e comprei o ingresso de um cambista pois ja tinha se esgostado. So la em cima que descobri que havia elevador.
O barbeiro de servilla, uma ópera, seria uma grande "estréia" minha no teatro. O cenário e alguns personagens eram em desenho, mas acredito que não ficou devendo em nada para os que tem de verdade. Toda peça é cantada, eu sei que é lógico isso por ser uma ópera mas não sabia. E as músicas são todas em italiano, uma lingua que sou apaixonada, então imagina como fiquei. Tinha um telão que traduzia, mas nem precisava.
A história se trata da busca do Conde de Almaviva por Rosina seu grande amor, o problema que Don Bartolo seu malvado tutor quer se casar com ela. Figaro, um barbeiro que sabe sobre tudo da cidade, se propõe a ajuda-lo. Porem esse barbeiro tem umas ideias loucas e atrapalha mais do que ajuda. Por fim tudo dar certo e o conde se casa com Rosina.
Não satisfeita voltei ao cinema sozinha e agora para assistir Tropa de Elite 2. Fantastico! Sem comentário para Wagner Moura, atuação perfeita. Não entrarei em detalhes mas enquanto alguns riam e aplaudiam em algumas cenas, eu estava enjoada, passando mal mesmo, não havia cenas fortes como no primeiro, o roteiro tá excelente e realmente merece um oscar. Mas assisto aos jornais e tenho boa memória, impossivel não lembrar de fatos, dos PMs como alvos mortos aos montes a cada dia, Tim Lopes.
Agora quero assistir a outros espetaculos, ir a muitos lugares, ir mais ao cinema. Acompanhada ou sozinha, irei curtir a vida da melhor forma possivel. Virei o leão Lippy.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Numa manhã qualquer
Um raio de sol me atinge, desperto.
Afastando a cortina faceiramente uma brisa acaricia-me.
Pelo canto do galo o sol ja esta acima do horizonte.
Levanto.
Termino de abrir a janela e vejo um casal de pardal.
Cânticos invadem meu quarto como um lindo despertador.
Cheiro de café e terra molhada, choveu noite passada.
Banho frio e pão com manteiga.
No jardim entre rosas, margaridas e jasmins borboletas.
Brancas, roxas, amarelas, vermelhas, laranjas.
Beija-flor, Bernado, me dar bom dia.
Vozes de crianças indo para a escola.
Latidos alegres. Despeço-me.
Buzinas, chigamento, poeira e fumaça.
O dia vai ser agitado hoje.
Feliz, logo voltarei para o meu lar.
Afastando a cortina faceiramente uma brisa acaricia-me.
Pelo canto do galo o sol ja esta acima do horizonte.
Levanto.
Termino de abrir a janela e vejo um casal de pardal.
Cânticos invadem meu quarto como um lindo despertador.
Cheiro de café e terra molhada, choveu noite passada.
Banho frio e pão com manteiga.
No jardim entre rosas, margaridas e jasmins borboletas.
Brancas, roxas, amarelas, vermelhas, laranjas.
Beija-flor, Bernado, me dar bom dia.
Vozes de crianças indo para a escola.
Latidos alegres. Despeço-me.
Buzinas, chigamento, poeira e fumaça.
O dia vai ser agitado hoje.
Feliz, logo voltarei para o meu lar.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
O que fazer?
Este meu conflito interno me aflinge, me consome. Uma parte de mim quer, outra diz que não. E nessa briga quem sai perdendo sou eu, que fica aqui, parada, vendo o bonde passar sem subir nele. Espero que nesse ponto no qual estou ele ainda não tenha nem apontado na esquina.
Não sei se vou ou se fico e nessa indecisão permaneço aqui na inercia: Falta de ação, falta de energia. É assim que me sinto. Tantas coisas acontecendo e não sei que rumo tomar. Como um cego no tiroteio me sinto, mas a diferença é que também estou armada e atirando para todos os lados, desejando acerta em algo ou o algo que acertei me deseje.
Não quero tomar o rumo errado, as vezes prefiro os atalhos, mas será que não é melhor os caminhos dificeis. Não é pela dificuldade que nossa alma é moldada? Será que deveria ter dobrado naquela esquina há muito tempo ou até mesmo abandonado esse caminho? Sei que minhas escolhas me levaram a ser o que sou agora e nem quero pensar como seria se tivesse feito diferente.
Parei de pensar, vou agir. Nem que precise correr para alcançar o bonde.
Não sei se vou ou se fico e nessa indecisão permaneço aqui na inercia: Falta de ação, falta de energia. É assim que me sinto. Tantas coisas acontecendo e não sei que rumo tomar. Como um cego no tiroteio me sinto, mas a diferença é que também estou armada e atirando para todos os lados, desejando acerta em algo ou o algo que acertei me deseje.
Não quero tomar o rumo errado, as vezes prefiro os atalhos, mas será que não é melhor os caminhos dificeis. Não é pela dificuldade que nossa alma é moldada? Será que deveria ter dobrado naquela esquina há muito tempo ou até mesmo abandonado esse caminho? Sei que minhas escolhas me levaram a ser o que sou agora e nem quero pensar como seria se tivesse feito diferente.
Parei de pensar, vou agir. Nem que precise correr para alcançar o bonde.
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